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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Os Eternos Xerifes da zaga.


        Sabem como se montava uma seleção brasileira? Tinha que ter um Xerifão. No Brasil, campeão do Mundo na Suécia, era Bellini. Em 62, era Mauro Ramos de Oliveira, em 70, era Brito  e de troco, eram os capitães.. Depois, em 94, mudaram, e foi Dunga que tinha mais características de um Xerifão e o  foi, com louvor. Finalmente, em 2002, o lateral Cafu.  O xerife era a referência lá atrás, era o último homem. Se passassem por ele, a casa caía. Bola cruzada na área, quem subia e espantava a bola era ele; o Xerife. Jogadores que não podiam ser vencidos, portanto, quando os craques encostavam na área, o bicho pegava. Ali, na entrada da área, não tinha moleza. Era pau puro. E, se saíam pra dar combate, não perfiam a viagem; matavam a jogada.
ANIBINHA
JANGUITO
ALCATRÃO











                       
Essas características, não quer dizer que não sabiam jogar, tocar a bola, o que havia era que se não se tinha espaço e não se permitiam brincadeiras na área. Nela, quem mandava eram eles. A autoridade desses xerifes era seu cartão e visita, usavam e não vacilavam. Davam ordens lá de trás e no vestiário cobravam muito, principalmente dos craques do time. Cansei de ver esses três aí de cima: Anibinha, Janguito e Alcatrão,  matando a bola no peito e às vezes fazendo um lançamento de 25, 30 metros, entretanto, quase o tempo todo era marcar, roubar a bola e passar ao lateral ou meio-campo. Volantes, meias é quem tinha que tratar a bola, pois tinham espaços pra isso.
ODILON
ZEZO
LAERTES      














                              Não joguei contra Odilon, mas o que vi, ele não era fácil. Normalmente, formavam a zaga com jogadores clássicos. Odilon com Patesco, foram bi-campeões pela A.A. 29 de Maio, mas quem segurava o rojão era Odilon, pois Patesco gostava era de dar passes de curva, tanto que muitas vezes jogava de volante no lugar de Didinho. Odilon, gostava mais de jogar com Mauro Pinto, irmão de seu Zeco.  Laertes jogou muito com Deodato. Dos que tive a honra de jogar, com e contra, foram Zezo e Cicico, Janguito e Deodato,  Anibinha e Baíco,. Nega Gibi e Macico. Ainda bem que Alcatrão e Paulo Capivara jogavam  pro meu time, pois essa zaga era terrível. Os dois jogavam muito, mas batiam muito, também. Contra eles, o atacante tinha que ser rápido e tocar a bola, tabelar, dar o corte e chutar. Era o tempo da bola, se demorasse para definir o passe ou finalizar, eles chegavam junto e muito raramente perdiam uma dividida.
         Nos anos 40, 50 era Pedroca,  Waldemar Garça, Samongo. Não vi esses xerifes em atividade, mas sempre que conversava com Onamar, Jamil, Arãozinho, seu Zezito, eles me contavam as façanhas deles. Do seu Pedroca, era zagueiro do Clube Atlético Antoninense e companheiro de Bino, ainda como amador, nos anos 40 e foi bi-campeão 46-47, também pelo 29 de Maio. Nos anos 60, levei muita bronca dele como árbitro, que não era de muita conversa. Pedroca, era o pai de Eleonil Cobertor, grande goleiro do XV.. Samongo, eu tenho uma boa referência, pois naquela foto do Matarazzo F.C. campeão invicto de 1948, ele está lá, de faixa, em frente à sede, o clube de tantas carnavais. Detalhe, foi no ano em que eu nasci. Depois, Samongo foi tri-campeão pel Estiva. Waldemar Garça, marido da Queridíssima Dª Azize, dava um trabalho danado como jogador. Foi campeão 46-47 e 49. Um dia o seu Robassa me contou em uma festa de aniversário do Operário de Morretes, que na decisão de 1950, no final do jogo da decisão, lá em Morretes, estava empatado e teve uma falta contra o 29 de Maio na entrada da área. Waldemar ficou na frente da bola e não deixava bater, enquanto a barreira não se arrumasse. Estava fazendo cera e com aquelas pernas compridas, impedia que se batesse a falta. Quando Waldemar olhou para barreira pra ver se estava tudo certo, Robassa tocou rápido a bola por baixo das pernas dele e o ponta fez o gol. Moral da história: Waldemar saiu atrás do seu Robassa e sumiram naquele bananal. O jogo acabou por ali mesmo e o Operário foi campeão.

PEDROCA
WALDEMAR GARÇA
SAMONGO
  












         Das últimas gerações de Xerifões, joguei com e contra alguns, dentre eles,  Nino, que foi o Xerife do 29 de Maio quando disputamos a primeira divisão de profissionais. Nino começou na A.A. Matarazzo, campeão de 1968 e também, foi campeão pelo Ceará, em 74. Zilinho, bi-campeão pelo Ceará em 76-77, só joguei contra ele no Master pela ALFA e ele, pelo tri-campeão Caixa d´Água. Já, o Maurício Pezudo, campeão pelo 29 de Maio em 91 e diversas vezes pelo Guará,  tive a oportunidade de jogar contra ele. também, no Master.
          E a verdade seja dita, nós atacantes, precisamos muito deles, mas sofremos muito nos pés desses Xerifões.
MAURÍCIO PEZUDO
NINO
ZILINHO
     

Um comentário:

  1. Me emocionei aqui revivendo vários momentos !!!
    Parabéns Marcus, belo trabalho, .
    Grande abraço
    Rubens Maranhão

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