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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

NININHO

Craques de Bola

Injustiças do destino

       Se, houve algo irreparável no destino de um algum craque de futebol, isso aconteceu com o antoninense NININHO, Jacyr Cruz, sobrinho do meu amigo Pedro Tracalhaque (de tantas conversas sobre o meu personagem de hoje).  Baixinho de 1,64 (no máximo), rápido como Bernard do Atlético Mineiro, entretanto, dono de uma impulsão fenomenal, drible curto e que com aquele tamanho, não dava sossego a nenhum defensor, principalmente dentro da área.

        Temperamento difícil, sabia que fazia a diferença. Descobriu isso, logo na estréia como amador e ainda, na decisão do campeonato antoninense de 1958 quando Clube Atlético Batel iniciava a fantástica trajetória ao Tetra-Campeonato (58 a 61). Simplesmente, fez os quatro gols da decisão contra o Internacional S.C.  NR: Para que pudesse jogar essa partida, tiveram que pedir por escrito à sua genitora, afinal, ele treinava (segundo depoimento de Nelson Pires) com aqueles calções com suspensório de pano que cruzava o peito e se abotoava no calção, pois, de tão magrinho, o calção lhe caía.   O Internacional de veteranos como Flávio (goleiro) e seu irmão Arnaldo, a zaga de Odilon (bi campeão pelo 29) e Nilo (tri pela Estiva) e um ataque com Maravilha, Livico, Luis Jorge Mussi, Marçalo e Mário Cangalheiro, botava medo. Pois bem, naquele ano em que o mundo descobria Pelé e sem nenhuma pretensão, nessa sequência, Antonina, o litoral, o Paraná e depois o Brasil descobria Nininho. Se, não, vejamos.

            No ano seguinte, 1959, foi jogar pelo Rio Branco levado por Hélio Alves (que levou Macico, Pimenta, Patesco (pai de Peme e Gorgó), entre outros) para Paranaguá e sua estréia foi contra o poderoso C.R. Vasco da Gama do Rio de Janeiro que era o Super-super campeão carioca de 1958 e que veio completo para esse jogo. Jogou um ano no Rio Branco e já em 1960, foi ser titular no Atlético Paranaense. Como escrevi, na postagem anterior, o Atlético era um faz-me rir na década de 60 (só ganhou em 1970) e sobrevivia de Walter e de Nininho, além de Pedrinho e Marco Aurélio (goleiro) que foram para o Flamengo, que era outro que só ganhou 63 e 65, o carioca.

 

           Veio ano de 1962 e no dia 25 de março, uma 4ª à noite o C.R. Flamengo veio cumprir um amistoso antes do "jogo do século" contra o Real Madrid, no Maracanã. O Flamengo veio completo com Mauro, Joubert, Bolero, Jadir, Jordan e Vanderley. Joel, Miranda, Henrique, Dida e Luis Carlos.  Veio e tomou 3 X 2 e a manchete da Tribuna do Paraná saiu assim: NININHO 3 X FLAMENGO 2. Foi um reboliço, depois do jogo e durante todos esses dias eram manchetes assim: FLA OFERECE 5 MILHÕES POR NININHO (lembro do recorte no açougue de Romárioali, onde foi o comitê de João d´Homero). Outra: NININHO PODERÁ JOGAR CONTRA O REAL MADRI. Ocorre que o jogo do Maracanã no domingo não saiu e o Flamengo que tinha uma excursão à Europa com (19) jogos programados e o primeiro era com a Seleção da Itália, em Milão, no dia 04 de abril (3 x 1 para a Azurra). O Flamengo foi embora e jogou, além da Itália, na Thecoslováquia, Espanha, Suécia, Finlândia, Russia, Noruega e até na Tunísia, pô! E, Nininho ficou.

   A injustiça, irreparável, dos dirigentes do CAP que não permitiram que Nininho excursionasse com o Flamengo, quando o ídolo rubronegro era o Dida, já com uns 30 anos e que era o próprio Nininho encarnado (com 21 anos) em tamanho e talento. Dida era o maior artilheiro do Flamengo de todos os tempos e só foi desbancado por Zico, nos anos 80. Nininho voltaria consagrado (se volttasse). Foi numa excursão dessas em 56 que Evaristo ficou e tornou-se o maior ídolo do Barcelona.


              Moral da História. Depois disso, o Atlético fingia que pagava e Nininho fingia que jogava e assim, foi definhando a carreira desse grande craque, sobrinho do meu Amigo Pedro Tracalhaque. Acabou muito cedo seu futebol e o gosto pela bola. Dele, lembro quando Alcatrão com seus 1,90, forte e companheiraço, chegou no Atlético em 66. Num dia de treino coletivo, Nininho viu Alcatrão arrumando as meias e foi mandando: "Aqui não tem Porvinha, filhinho de papai e nem Arcatrão. É Carlos Costa e Marcos e não faça essa rolinho nesse meião, ô bagrinho!"  É, Nininho não era fácil, como dizia meu ídolo Pimenta.


6 comentários:

  1. Está muito bom o seu blogue, Porva!
    Parabéns!
    Chulé

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  2. Parabéns por este fantástico Blog epela defesa da memória futebolística não só de Antonina mas doParaná como um todo. abraços.
    José Roberto Cavalcante.

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  3. Fico agradecido pela lembrança de meu pai em sua notícia esportiva,valeu Marcus!

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  4. Este time não é o de 1964. Pode ser oi de 1961. O Sadi (Primeiro em pé à esquerda) jogava no Gremio em 64. Reconheço nesta foto, O Waldomiro, Banhe9 Não jogava mais em 64), Walter, e Nininho( na ponta esquerda)

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  5. Porva só vc sempre Historiador Nato do Futebol Brasileiro, eu vi a fera jogar no Rio Branco e no Atlético o cara era esécialista em dar BICICLETA, foi assim que aprendi a dar Biocicleta também, imitando é que se chega a perfeição...

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