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domingo, 9 de dezembro de 2012

   A FÁBRICA ANTONINENSE DE GOLEIROS (1)

Anos 40 e meados de 50


        Antonina teve esse privilégio. Foi uma fábrica de grandes goleiros. Os goleiros, que  sempre foram o ponto de equilíbrio da qualquer time. Esquadrão? Tinha que ter um grande goleiro. Impressionante, é que todos os times tinham e de sobra. Uns melhores que outros, em fundamentos, tais como,  sair do gol  quando ficava frente a frente com o atacante, cortar um cruzamento naquele bololô que se faz na área pequena, uns mais estilosos que gostavam de voar, espalmar a bola do ângulo, outros de cair com a bola grudada no peito. Uns, jogavam embaixo do gol, outros, eram pegadores de pênaltis, enfim, cada um com uma ou mais virtudes,  fizeram história no futebol antoninense.
SETEMBRINO ALVES
 Bino, o Gato Selvagem do S.C. Corinthinas Paulista, sem dúvidas, foi o maior de todos. Primeiro, que era de verdade, você falava com ele e ele conhecia você, ele sabia quem era seus pais, seu tios, brincava o carnaval aqui. Era o maior de todos e a fama não só nacional de ser por 7, 8 anos o goleiro titular de um dos maiores clubes do Brasil, era conhecido internacionalmente. Podia ser goleiro do Boca Junior, da Argentina ou do Nacional do Uruguay, entretanto, era uma pessoa que no Bar do Marreiro, era igual a qualquer outro. Sujeito simples e Amigo. Acabou a carreira em um treinamento, aos 47 anos, após dar uma voada e cair em uma lasca de pedra brita e que abriu o seu joelho. Começou no C.A. Antoninense. Foi o maior!

 
IONAL
Ional. Tri-campeão pelo C.A. Estiva 52-53-54. Vejam o privilégio do Atlético Antoninense. Bi-campeão de 40-41 e tinha Bino e Ional, como seus titlares. Dois baixinhos, com impulsão espantosa. Minha mãe era madrinha da Estiva nos anos 50 e dizia que parecia que Ional tinha asas. Com a saída de Bino em 42, primeiro para o Atlético Paranaense e depois, para o Coritiba F.C., onde foi campeão nesse ano, surgiu uma vaga para Ari, irmão de Guilherminho, para reserva desse esquadrão.   Eles enfrentavam um Matarazzo F.C. com atletas que vinham de São Paulo, mas que só ganhou em 1948, o Ypiranga, campeão de 44 e ainda, o Operário de Morretes que ganhou os campeonato antoninenses de 45, 50 e 51 e o bicho-papão da década, o 29 de Maio com 5 títulos.  


REINALDO
 Reinaldo Linhares, o Mimoso, foi o "goal keeper" do 29 de Maio, o bicho-papão da década, foi campeão de 40, 43, bi em 46-47 e de 49. Goleiro seguro, quesua maior virtude era o posicionamento. Repartiu as glórias com seus "full backs" (beques, zagueiros) Birulha, Olinto e Segoa, Com a linha média de Amaury (pai de Celso Vieira), Vitório Carraro, volante clássico  "center-alf", e Estoqueiro, os "midfielders" (meias), o grande Ariel e Degas Com seus atacantes chamados de "wingers", que eram os pontas Roberto e Edgar come vela  e o famoso  "center forward", que virou "centre-frô", depois, centro avante, que até 43 foi Bereco (pai de Dr Abílio). Ainda, segundo o Dr Joubert,  a "Enciclopédia do futebol antoninense", havia mais dois grandes atacantes: Catatau e Zé Costa. Entretanto, durante essa década, o goleiro de 5 títulos e 3 vices, se chamava Reinaldo Linhares, o Mimoso.
      
MADEIA
  Madeia. Ouvi falar na minha infância inteira sobre o grande goleiro Madeia e suas defesas sensacionais. Perguntava para Onamar e Jamil e os olhos deles se enchiam de admiração. "Porvinha, você não viu Barbosa, o goleiro do Vasco, o Expresso da Vitória, titular da seleção brasileira nos anos 40 e 50, pois é, Madeia jogava como o Barbosa. Ele deixava a bola passar num cruzamento e quando a gente achava que ia entrar, ele voava, espalmava a bola e quando caía, parecia uma pluma. Quando ele caía com a bola, usava uma das mãos para amortecer e a outra, com a bola. Era espetacular." Era Madeia, o herói das minhas histórias contadas por gente que viu e não esqueceu, fazendo de Madeia, uma verdadeira lenda dentre os goleiros antoninenses. 

(Na próxima postagem sobre goleiros: Jair Cruz, Pedrinho, Mário Simão, Eleonil Cobertor)

2 comentários:

  1. Porvinha, goleiro, para mim, é a posição mais nobre do futebol. Fui um bom goleiro - se a modéstia me permite dizer - tanto que em 1972 fui convidado pelo técnico Alfredo Ramos a fazer testes no Atlético Paranaense, depois que ele me viu jogar na preliminar entre o furacão e o 29.
    Cheguei a ir no ano seguinte e fiquei menos dois meses, por conta das exigências dos estudos.

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  2. Ô, Luis Henrique. Andei me queixando pra Lia que você anda sumido das minhas vistas. Bem, quando vejo um goleiro, dou um voto imediato de confiança, pois é exatamente isso que você disse. Para poder ficar lá, segurando o rojão, é porque há uma certa nobreza, o cara tem que gostar do que faz, da posição. Há um certo glamour, é o único cara com uniforme diferente, é o que mais treina, é o cara que depois de fazer tudo em uma partida, toma um gol e ninguém perdoa. Eu tinha o costume de quando tomávamos um gol e que estávamos perdendo, de ir até lá pagando geral pros companheiros e pegar a bola das mãos do goleiro, confortá-lo, como Didi, quando a Suécia fez 1 x 0, em 58 e prometer a ele que era nossa obrigação de virar aquele jogo. Aquela cena me ensinou como se deve respeitar um goleiro. Inesquecível.

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