Translate

sábado, 30 de março de 2013

OS ARTILHEIROS
 DO FUTEBOL ANTONINENSE (1)

        Para o artilheiro, a satisfação de fazer um gol, é toda a recompensa que ele deveria receber, nada mais que isso, nem os aplausos, muito menos dinheiro. O momento do gol,  é como se fosse uma explosão dentro de você, não se enxerga direito a torcida, não se entende o quê a torcida grita, se descordenam os movimentos e a gente não escolhe quem abraçar. Entretanto, a vida do artilheiro, se, por um lado quase sempre é o herói do jogo, quase sempre é a estrela na hora da vitória, quase sempre é consagrado por sua torcida,  por outro lado, ser artilheiro ou fazer gols decisivos, não garantem amor permanente da torcida, basta errar em um momento crítico de uma partida importante, ir jogar em outro time para que caia em desgraça. Já aconteceu muito disso com goleiros fantásticos que eram unanimidades nacionais, goleiros que pegavam tudo e falharam na hora "H" (como Barbosa do Vasco, na Copa de 50, quando Brasil perdeu o título para o Uruguay e ficou maldito), assim, aconteceu com artilheiros, como Alcindo do Grêmio de PA, na Copa de 66, na derrota pra Hungria por 3 x 1, quando ele perdeu um gol inacreditável na linha do gol, quando estava 1 x 1. Depois, o Brasil perdeu para Portugal de Eusébio e ficou fora da Copa).
            Entretanto, em Antonina, nossos artilheiros são guardados na memória seletiva e não são lembrados pelos erros. Seus gols ainda rendem comentários pelas esquinas, nos bancos de praça, bastando para tanto, tocar no assunto. Alguns desses ídolos dos anos 40, 50, 60 ainda caminham por nossas ruas e é uma grande honra para os que viramseus gols e jogadas e não os esqueceram. A Casa dos Heróis, é a História e o endereço é nossa lembrança. Esta série vai ser longa, pois os artilheiros só perdem para os craques, pois essa lista, é muito maior.
*********************************************************************
Walter
Walter Correia ou Walter Sabão, é o maior de todos. Além dos muitos gols feitos por aqui, nos encheu de orgulho quando se consagrou Artilheiro do Campeonato Paranaense de Futebol de 1965, pelo Clube Atlético Paranaense, marcando 24 gols, tornando-se por sete anos, o maior artilheiro da história do Furacão em campeonatos profissionais da FPF, até seu recorde ser superado pelo incrível Barcímio Sicupira em 1972 com 29 gols.  Walter, é o 2º Maior Artilheiro do rubronegro em campeonatos paranaenses, junto com o fantástico Zé Roberto, com os mesmos 24 gols feitos em 1968 e Washigton (do casal 20), em 1982. Ficou, até hoje, à frente de lendas vivas como  Kleber Pereira em 2001 e Reinaldo em 1993, que fizeram 22 gols., por fim, marcou mais gols que Jackson Nascimento em 1953 e Paulo Rink em 1997, que fizeram 21 gols. Mais atrás ficaram Tuta, com 19, Alex Mineiro com 17, entre outros. 
     Pelo Coritiba F.C., na sua estréia em 1967, fez  os três gols da vitória coxa sobre o Campeão espanhol Atlético de Madrid. Fez muitos gols pelo alviverde e outros tantos pelos demais clubes que passou,  Walter, é o nosso maior artilheiro do futebol antoninense.  
  Jogou pelo Matarazzo F.C. e A.A. 29 de Maio, Fluminense do Rio de Janeiro, Grêmio Oeste de Guarapuava e C.A. Paranavai. Vive, hoje, em Antonina com sua família.   É uma honra tê-lo como Amigo, franco e sempre que o encontro, está de bom humor, sutil, como vencedor que é e sempre foi.

 06/08/1967 - Coritiba 3 x 2 Atlético de Madrid (Espanha)
Local : Estádio Belfort Duarte (Curitiba) · 
Gols do Coritiba: Walter (3 gols)
Detalhes: - A dupla Kruger e Walter simplesmente infernizou a defesa espanhola. Após a partida, o técnicodo time de Madrid, Oto Glória, fez de tudo para levar os dois para o futebol espanhol. 
********************************************************
Nininho
   Nininho, Jacyr Cruz, irmão de Joel, de Dodico e Jairo, um craque de bola excepcional, que em um jogo no dia 25/março/1962, no Estádio Durival de Brito, contra o C.R. Flamengo, fez os três gols da vitória do Clube Atlético Paranaense e virou manchete na Tribuna do Paraná "Nininho 3 x Flamengo 2" e no Rio de Janeiro, como o "novo Dida" (O maior artilheiro do Flamengo, até ser superado pelo inigualável Zico, era titular da Seleção de 1958, na Suécia e que foi para essa Copa do Mundo, com Pelé como seu reserva). Para Nininho, infelizmente, não se reservou o sucesso que o seu futebol merecia, pois foi traído pelo amadorismo dos diretores do Atlético que não o deixaram excursionar pela Europa e fazer os 15 jogos com o rubronegro da Gávea, mesmo com o Flamengo chegando a oferecer 5 milhões de cruzeiros, à época. Pelo futebol, dificilmente Nininho não seria um jogador da seleção brasileira, entretanto, por sua personalidade forte e temperamento dificil, certamente não suportaria os esquemas dos diretores exploradores, da imprensa do jabá e do patrulhamento dos empresários.  Nininho em 1959, em Paranaguá, jogou pelo Rio Branco S.C. no dia 21/julho/1959  contra o poderoso C.R. Vasco da Gama, o Super Super Campeão Carioca de 1958 que venceu por 2 x 0 (gols de Almir e Pinga) e enfrentou um time com Barbosa, Paulinho e Belini, Écio, Orlando e Coronel. Sabará, Livinho, Almir, Rubens e Pinga, um time com sete jogadores da seleção brasileira. Tive a oportunidade de jogar uma vez com ele em Paranaguá, convidado pelo C.A. Batel, em 1965. Nininho era uma pessoa simples, do interior, frequentava a minha casa e era meu Amigo, como seu tio Pedro Tracalhaque, assim como toda a sua Família. Na partida na final de 1958, quando o Batel foi Campeão e abriu ao caminho para o Tetra, o rubroverde venceu por 4 x 1 o Internacional. Ele fez os quatro gols. Em 1959 era titular e ídolo do Clube Atlético Parananese.   

**************************************************************************************
 Pimenta, Adilson Barreto, foi o artilheiro que mais admirei na minha formação como jogador de futebol. Baixinho, mas muito forte, era dono de uma impulsão e velocidada na área, inigualáveis Fazia gols driblando curto os zagueirões, chutava com pontaria incrível da entrada da área e fazia gols de cabeça com facilidade e de vez em quando, fazia uma obra-prima: Quando subia para o cabeceio, matava a bola no peito e chutava de voleio. Em um jogo entre o C.A. Batel e o Palmeiras de Jaguariaiva pelo Campeonato do Interior de 1962 (do qual o Batel venceu, mas não levou, superado no tapetão da FPF), vi um desses gols maravilhosos. Após um cruzamento da direita de Osmair, Pimenta antecipa o zagueiro, matando a bola no peito e antes que ela caisse, fez um voleio digno de Maracanã. Era o gol da vitória por 4 x 3, entretanto, um bandeirinha chamado Pé-de-galinha e também de Chapéu-de-zinco, que era sargento da nossa Polícia Civil,  atuando do lado da  torcida do Batel, ali no guapezeiro, levanta a bandeira e a turma dos compadres  invadem o campo. Até sombrinhada ele levou, mas depois de muita correria pelo campo, intervenção da polícia ele voltou ao seu lugar e manteve a decisão. Pois é, talvez um dos gols mais bonitos que vi, não valeu. Entretanto, Pimenta me presenteou com muitos outros e alguns quando joguei ao seu lado na X Taça Paraná wm 1973, na memorável campanha do C.A. Estiva. Se, eu tive em quem me espelhar para ser um artilheiro, foi em Pimenta, meu ídolo dentro da área. Pimenta jogou no C.A. Seleto de Paranaguá, alguns jogos pelo C.A. Paranaense e Olímpico de Irati.
************************************************************************************  
Miro Pixote, atacante capaz de driblar como quem brincava com a bola e era dono de uma incrivel tranquilidade para finalização. Não só vi, como joguei ao seu lado, quando proprocionamos uma disputa fantástica pela artilharia do campeonato de 1965. Miro, que após ser bi-campeão pela A.A. 29 de Maio 56-57, em 1958,  foi fazer testes no Clube Atlético Paranaensem juntamente com Osmair (filho do grande goleiro Bino, ex-goleiro do S.C. Corinthians Paulista). Pois bem, simplesmente acabaram com o treino (os testes eram feitos contra o time titular) e Miro marcou cinco gols. Foi uma atuação que deixou boquiabertos os diretores do CAP, que imediatamente os levaram para assinar contrato. Conta Osmair, (que já trabalhava na agência do Banestado de Antonina), que na 2ª feira pediu para depositar o cheque em suas conta, da "luvas" recebidas (uma espécie de caução quando se faz como garantia de um contrato). O cheque voltou sem fundos uma vez e Osmair e Miro desisitiram do Atlético, embora os apelos dos dirigentes rubronegros
Miro Pixote, era o rei dos dribles por baixo das pernas do adversários. Ele dizia: "tá!" e o marcador abria as pernas para impedir o passe e tomava o drible. A maioria dos zagueiros, só o cercavam, pois se viessem tirar a bola dele, podia contar que tomava o drible. Aprendi muito com ele. Estava sempre rindo e deixava a gente na cara do gol e dizia: "Assim, você gosta, né?". A nossa disputa particular pela artilharia do campeonato pegou fogo noa últimos jogo do campeonato de 65, quando eu estava com 14 gols e Miro, com 11. Veio um jogo contra o lanterna da competição e ganhamos por 9 x 0. Miro fez 7 gols e passou 4 gols na minha frente (desses, ele me enganou umas 5 vezes dizendo "tá!" e eu ia, mas ele driblava e fazia o gol). Fiquei muito bravo, que cheguei a pedir pra sair, para o técnico Onamar. Bem, não fiz nenhum gol e fiquei sem falar com ele durante a semana que iríamos jogar contra o Matarazzo de Juri, Janguito, Deodato e Ferreira, de Santinho, Sussumo, Marçalo, Harmínio, Piava, enfim, um clássico que definiria o finalista do 2º turno. Ganhamos por 6 x 1 e eu fiz 4 gols. Detalhe: Jamil foi quem passou as quatro bolas para meus gols. Miro fez um e Tico Fahad, o outro. Miro ficou um gol na minha frente. Domingo seguinte o Batel de Reinaldo, João Honório, Duia, Baíco e Cascalho. Vadinho, Romário e Lilinho, Osmair, Pimenta e Mililique. Onamar deu uma preleção de uns 10 minutos só pra nós dois: "se vocês não se acertarem, vamos perder esse jogo! Lembrem-se que jogamos por um empate!".  Fizemos 2 x 0 (um gol meu e outro de falta de Miro) e o Batel apertou, mas só conseguiu o empate em 2 x 2. Fomos campeões e Miro, o artilheiro do campeonato; merecido. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário