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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

 AÉRCIO & BRANCO

O futebol eficiente da simplicidade e esportividade.

       Dois irmãos, Branco e Aércio, se somados os títulos conquistados, são os recordistas de títulos do futebol amador antoninense. Vou começar por Aércio, centroavante, o maior conquistador de títulos do futebol antoninense, individualmente, do final anos 40, até meados de 60 e talvez, de toda a história. Outro dia, o encontrei empurrando sua bicicleta e disse que há tempo queria tirar uma foto com ele, o que muito gentilmente me atendeu. E, quando lhe disse ele que nunca passava a pé, arrematou "Ora, Marquinhos, era só fazer um sinal. Você me deu um presente, uma vez, de umas fotografias que eu guardava pra mostrar pros parentes, mas acho que me levaram" (o que acabei lhe prometendo de novo, com o maior prazer). A felicidade de encontrar os velhos ídolos pelas ruas da cidade, ainda é um privilégio. Temos Walter Sabão, Celso Vieira, Pimenta, Macico, Onamar, Jocyr, Ferreira, Paulo Capivara, Cascalho, Antoninho e uma lista infindável de jogadores que escreveram a história do futebol capelista.

     Aércio,. iniciou a carreira de títulos em 49, jogando, ainda, com Onamar, Arãozinho, Felizberto e o craque Ariel. Se encaixou na 9 deixada por Quinco Simão, o Vaca Brava e firmou-se como titular. Sendo campeão desse ano, encarou um ou dois vices em 50 e 51, no bicampeonato do Operário F.C. de Morretes. Jogar com os cobras da época, os goleiros Flávio ou Ari, Waldemar Garça, Dídimo, Onamar, Zé de Melo, Alceu, Alcione, Antoninho e aquele ataque citado, acima, não era para qualquer um, afinal, muitos deles eram bi-campeões de 46-47 e mandavam e não pediam, bem como quando, aos 17, tive a honra de jogar com Osmair, Jamil, Miro Pixote, Leonel, todos craques consagrados.

          Entretanto, Aércio foi em 52 para o C.A. Estiva e formou em um dos maiores esquadrões da época, ou seja, um time tri-campeão (52-52-54), onde desfilavam as feras Maravilha e Nonhô (ponta esquerda que era comparado a Canhoteiro do São Paulo e da seleção brasileira).  Ainda ,Ional, o homem que tinha asas (como dizia mamãe) e que ocupou em Antonina, o lugar do grande Bino que fazia sucesso no S.C. Corinthians Paulista. Companheiros como Arnoldo, Aroldo, Nilo e Samongo e mais Silvaninho, Dirceu e Lilinho, que dividiram a década com os gloriosos Batel e 29 de Maio, nada menos que 9 títulos.

                  Em 56, Aércio voltou ao 29 de Maio, onde sagrou-se, junto com seu irmão, Branco, bi-campeão 56-57.  Outra odisséia, participando, talvez, do maior esquadrão a História do clube, formado por Jair Cruz, Onamar, Odilon e Branco, Didinho, o Mestre Jamil e Miro Pixote, Osmair, Aércio e Nascimento.

Branco e seu filho Éder, em 1993
Branco, lateral esquerdo, médio esquerdo, jogava com a responsabilidade de um lider em campo. Tinha na sua canhota a arma do passe certo, preciso, cirúrgico. Não gostava de reclamação com ele, portanto, fazia sua função pelo lado esquerdo com autoridade. Foi um dos poucos laterais com a cadência de um 2º volante, pois quando se jogava com uma zaga com três jogadores (por isso, se chamava o zagueiro do meio, de "zagueiro central" e Branco era o zagueiro esquerdo. Quando o escalavam na linha de meio de campo (se chamava de médios volantes), era o "half" esquerdo. Quando veio o sistema 4-2-4, ele tomou conta da lateral do 29 de Maio, desde 1953 até 1961, 62. Lembro que quando eu comecei em 65, ele já tinha encerrado a carreira, mas, sempre estava por lá dando um baile de preparo físico na gente, dando voltas em torno do campo, antes e depois do treinamento. Às vezes, fazia coletivos, sempre firme e bem preparado, não dava moleza pra garotada. Ele chegava junto na jogada e dizia "Aqui, não, garoto! Não vai fazer o nome em cima de mim".
 Ele dava a linha de fundo pra você e daí, tomava a bola. Havia sempre um misto de dignidade no jogar, mesmo em treinamento e uma grande admiração, no tratar comigo. Muitas vezes, ficamos horas no bar do Vitinho, no 29 de Maio, conversando sobre futebol de sua época e ele me dando conselhos. Antes de ir para o Atlético Paranaense, em 67, ele dizia: "Você precisa aprender a levantar a cabeça quando parte para o gol, se não, não vê que muitas vezes seus companheiros estão em melhores de marcar. Quando você perder essa mania de resolver tudo sozinho, você vai ser um grande jogador " Eu levava essas broncas do seu Branco e muito do que evolui, foi baseado nessas opiniões.
                        
              
         Com a entrada do C.A. Batel no amador em 1955 (campeonato que não terminou), e que tinha a base do tri-campeão C.A. Estiva, lá foi Aércio, em 1959, para o rubro-verde. Lá, dos quatro, conquistou mais dois títulos, 1960-61. quando encerrou a carreira.
  
                 Por fim, em 63, Branco encerrou a carreira no XV de Novembro S.C., fazendo parte do plantel que se consagrou com o bi-campeonato de 1962 e 63.

           Uma vez, eu e meu Amigo Éder, filho de Branco, resolvemos fazer uma serenata para o seu pai. Era Natal e depois de uma meia hora de cantoria, ele me disse se eu podia dar a ele um presente de Natal. E ouvi as palavras mais doces que uma pessoa pode falar para outra: "Fique aqui com gente, pois hoje, você é o meu presente de Natal." Eu nunca tinha passado um Natal fora da família da minha esposa e disse que eu teria que pedir, avisar à ela. Ele não teve duvidas. Falou com ela e eu fiquei até às quatro da manhã. Cantamos a noite toda. Estava lá o meu Querido Carbajal que só queria cantar "Risque, meu nome da tua agenda..." E, Branco, com aquela voz de alfinete, arrematava "Nosso amor, que não me esqueço, e que teve seu começo, numa festa de São João...". E, eu e Éder, só na cervejinha..






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