Translate

sábado, 4 de maio de 2013


OS GARRINCHAS DO FUTEBOL ANTONINENSE

          No tempo em que havia laterais (os marcadores dos pontas, esquerda ou direita, o nº 2 ou nº 6), que não passavam do meio campo e o seu trabalho era marcar, "dar conta" dos pontas, a vida não era fácil para ambos dentro do campo. Era uma guerra particular, que fazia a torcida de onde fosse, no Maracanã ou no campo do 29 de Maio em Antonina, fazer desses duelos, um show à parte.

NHONHÔ

 Eu ainda vi, um restinho da habilidade de Nhonhô, jogando pela ponta esquerda do Internacional, no início dos anos 60, quando eu tinha uns 14, 15 anos e ia "serrar treino" no time do treinador, seu Batuta, sapateiro consagrado, onde eu levava minhas chuteiras para repregar. Eu era fã dos outros do mesmo ofício, como  seu Pixote (pai de Leonel e Niro), do seu Vinino, mas seu Batuta ficava falando de futebol e me convidava pra ir treinar no meio dos adultos, no campo onde hoje é o Jardim Maria Luiza) e ficava esperando, às vezes, o treino todo pra jogar uns 10, 15 minutos, que valiam à pena, pois assistia "de camarote" veteranos como Arnoldo, Aroldo, Mário Cangalheiro, Aércio, Benedito couro fresco, Sílvio, Marçalo, Odilon, Jorge Mussi, Manuquéco, Maravilha, entre outros mais jovens.  Segundo os mais velhos, como seu Onamar, que fazia grandes duelos com Nhonhô, nos clássicos  entre  29 x Estiva dos anos 50. "...marcar Nhonhô, naquele time tri-campeão da Estiva, era quase impossível. Além de rápido, ele saía de qualquer marcação e cruzava a bola perfeita para os atacantes. E, se a gente desse bobeira, ele ia lá dentro do gol.  Era baixinho, entroncado e gostava de receber a bola, quase na linha de fundo. Se o lateral chegasse "seco", ele já tinha o drible engatilhado. Se ele dominasse a bola, só se podia cercar e esperar que não viesse pra cima. Daí, só o pau comendo pra parar o homem. Nhonhô era liso demais, parecia  um bagre ensaboado, mesmo". O futebol de Nhonhô, era igual a um dos maiores pontas esquerdas do futebol brasileiro, chamado Canhoteiro, do São Paulo F.C. e da seleção brasileira, que  ficava endiabrado em dia de clássico e fazia a alegria da torcida sãopaulina. Nhonhô, era um dos preferidos do antoninense Bino, o Gato Selvagem do Corinthians, que dizia que ele jogava mais que o Pinga, ponta esquerda do Vasco ou Rodrigues do Palmeiras, craques de seleção que Bino enfrentou várias vezes.                                            

OSMAIR

   Vi e joguei com Osmair, ponta direita espetacular que driblava em diagonal e chutava de esquerda com muita precisão. Quando procurava a linha de fundo, ia pra cima do lateral e cruzava a bola com perfeição. Entretanto, se Osmair parasse na frente do marcador, podia contar que ia dar encrenca, pois quando driblava e arrancava, os laterais não davam moleza; batiam duro e daí, o bicho pegava. Osmair iniciou no 29 de Maio e já foi bi-campeão em 1957, vice em 59 e 60, depois, em 63 e em 1964, onde sagrou-se campeão amador, foi para o C.A. Batel, onde já tinha ambiente por ter disputado muito bem o Campeonato Amador do Paraná em que o Batel chegou a ser semi-finalista e só não disputou as finais, devido perder no tapetão da FPF, que benefíciou o Monte Alegre e que acabou sendo campeão paranaense em 1962. Joguei a Taça Paraná de 66 com ele (que era grande estrela do time e que tinha vindo junto com Romário (do Batel), que por indicação de Jamil Fahad, foi convocado para substítui-lo no time do 29 de Maio, campeão invicto dede 1965, nessa Taça Paraná) e vi, ao vivo, do que era capaz, jogando e brigando.    A Taça Paraná era assim: um jogo lá e outro cá (ou vice-versa) e quem perdia saía da Taça. Logo, no primeiro jogo, em Paranaguá e enfrentamos a A.A. Portuários e vencemos por 2 x 0 e Osmair foi impecável, jogou muito. Depois, em Antonina, foi mais fácil e ganhamos por 3 x 0. Eu era beneficiado com as jogadas de Osmair,  mas sendo o meu ídolo pela direita, pois acompanhei quase todos os jogos dele pelo 29 e o conhecia bem. Quando levantava o braço pra nos dentro da área, era garantido que ia driblar o marcador. Eu treinava sozinho e tentava imitá-lo, assim como era fã de Pimenta dentro da área, onde o baixinho era a fera e também, de Celso Máscara com a camisa 10. Esse era a festa. Naquela Taça Paraná, jogamos em Araucária e empatamos com gol de Osmair e o pau quebrou no final. Ele e Alcatrão foram cercados por uns 10 e os dois abriram caminho para o vestiário na pernada. Era o tempo da cerca de madeira que não segurava ninguém e só saímos de lá, à noite e protegidos pela polícia. Pois é, aqui em Antonina, Osmair deitou e rolou e ganhamos por 3 x 0. Ganhamos a Chave e fomos disputar com o Iguaçu (que foi o campeão), porém ganhamos em Antonina por 1 x 0, gol de Tico e lá, com nove jogadores, terminamos a partida perdendo por 1 x 0, mas tivemos que jogar a prorrogação com os mesmos 9. Adivinhem os que foram expulsos? Osmair e Alcatrão.  


  Paulo Sabico. Esse, quando nasceu, na sua certidão de nascimento foi escrito "camisa 7, ponta direita". Quando era moleque, malhava Judas com um pedaço de pau e depois que cresceu, os laterais que se vingavam descendo o pau  nesse ponta direita, pois não tinha outro jeito de parar a fera. Sabico, com quem eu tive a felicidade de jogar no amador pelo 29 e Estiva e no profissional pelo Água Verde, formando umas das maiores duplas com quem joguei, aliás, quem jogasse com ele, formava uma dupla espetacular. Vi Sabico fazer dupla com Adinho, no Matarazzo F.C., com Santana, no Antonina F.C., no 29 com Luiz Carlos Cabeção, entre outras. Lembro em um jogo da Taça Paraná, contra o Iguaçu (3 x 3 , em Santa Felicidade, 1973) que o treinador usou três laterais e não deram conta de parar o homem. O primeiro saiu com 20 minutos de jogo, o 2º durou até o intervalo e o 3º teve que ficar, pois só se podia substituir dois e mais o goleiro. Nesse jogo, além de infernizar a defesa do Iguaçu ele bateu a falta do 1º gol que Alceu Pó fez, no rebote, fez o 2º gol de cabeça e passou a bola pra mim, pra que eu fizesse o 3º gol; a sua atuação foi espetacular. No jogo anterior, quando ganhamos a Chave 7 da Taça Paraná, vencemos a Liga dos Minérios (o time do famoso Bequinha do Coritiba F.C.), em Curitiba, por 2 x 0, com dois gols de Sabico. Posso afirmar que fui o artilheiro da competição, graças aos passes e cruzamentos precisos desse maravilhoso ponta direita. Paulo Sabico, só tinha um defeito: se eu fazia um gol, o outro tinha que ser dele. Pois, é, ele foi o vice-artilheiro da Taça Paraná, junto com Vermelho, do Iguaçu. Velocista, driblador e goleador. Já com uns 40 anos, fomos jogar em Morretes contra uma seleção de veteranos. Quando entramos em campo, ali no Cruzeiro, disseram: "Porvinha e Sabico não podem jogar juntos, só um cada tempo" e não adiantou a chiadeira. Daí, Sabico jogou o primeiro tempo e Lídio, irmão de Zeca entrou no meu lugar. Primeiro tempo 5 x 0 com cinco gols de Lídio. Jogar com Sabico era garantia de fazer gols e se a gente não fizesse, ele fazia.

2 comentários:

  1. Algumas vezes fui com meu pai ao bar do Marçalo tomar umas crush como ele sempre falava.kkkk
    foi qdo ele sempre me dizia q marçalo foi um grande jogador Antoninense e tbm Cicico(nao sei se estou correto com o nomee tbm com o post)lembranças q vem de algumas conversas com o Velho.
    Abço

    ResponderExcluir
  2. Perdoe-me o atraso da resposta, Luis Carlos, mas seu Pai estava coberto de razão. Como atacante, jogar ao lado de Marçalo (tive o prazer de jogar em amistosas) era tabelar e ele punha você na cara do gol. Já, Cicico, zagueiraço do XV, teu Pai sabia o baita marcador que era e só jogava na bola. não batia. Era craque. Um Abração, Luis.

    ResponderExcluir