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domingo, 24 de fevereiro de 2013


A FÁBRICA ANTONINENSE DE GOLEIROS (2)

+ 10 anos de Excelência no gol (1955 a 1965)

     Após o fim da hegemonia daquele super time do Clube Atlético Estiva, Tri-campeão de 52, 53 e 54, o futebol antoninense passa o ano de 1955 de forma conturbada e o resultado do desentendimento entre os participantes, chegou ao ponto do campeonato ser interrompido ao final do 1º turno, quando o C.A. Batel, que debutava no futebol amador com a maioria dos atletas veteranos da Estivahavia vencido essa etapa. As razões mais próximas da realidade, eram de que os atletas registrados pela Estiva que acabou desistindo de disputar o certame, privilegiou o C.A. Batel e essa confusão culminou sem consagrar o campeão de 1955.
         A cartolagem da época, também, não era fácil: o 29 de Maio, há seis anos sem título, comandado por Joubert e Zezito, Waldemar Garça e uma grande diretoria, desmontou o esquadrão do Matarazzo F.C. e todo o seu poderio econômico, acabando por vencer em 1956 e 57, o bi-campeonato, montando, segundo os mais velhos, o melhor time da sua história. Nessa equipe, figurava um dos maiores goleiros da época: o elegante e eficiente JAIR CRUZ.
      Em 1957, em pleno curso de Odontologia na UFPR, sacrificava muito de sua vida particular para jogar no 29, muito pelo pai seu Manequinho, que sofria durante a semana a pressão da Cartolagem Amiga que disponibilizava toda a mordomia para ver seu grande goleiro defendendo o esquadrão vintenoveano, com Jamil Fahad no comando e os garotos Miro Pixote e Osmair, além de Walter (artilheiro do CAP e do Coxa), Onamar, Laertes, Patesco, Didinho, Branco, Odilon, Celso Másk, Nascimento, Aércio entre outros. Como frizamos, Jair era grande pegador de pênaltis e quando queria, fazia defesas espetaculares. Ouvir Laertes falar sobre, Jair, seu cunhado Onamar, Branco quando em vida contava que quando ele dizia "..é minha!", podia sair da bola que seguramente, era dele. Tive a felicidade de jogar algumas partidas com ele no título invicto de 1965 e nos treinamentos da 3ª Taça Paraná, em 1966. Soube que esteve em Antonina, em 2012 e foi uma pena não poder vê-lo. Eu falava e gostava muito do seu pai Manequinho, que me dava muitos conselhos e de Jair, um Amigo inesquecível.
    Entretanto, os quatro próximos anos pertenceriam ao C.A. Batel, que conquistou o Tetra-campeonato, com um misto de veteranos como Lilinho, Arnoldo e Aroldo, que vieram da Estiva e uma espetacular geração a começar pelo goleiro PEDRINHO, que além do craque Nininho e seus irmãos Joel e Dodico, tinha um capitão de nome Romário que o grande Jamil chamava de "a Alma do Batel". Juntamente com os irmãos João Honório e Macico, Duia e Cascalho, Leocádio e Aguinaldo Santana, Anibinha, Baíco, Nêne pé-de-pano, os goleadores Pimenta e o veterano Aércio, além de Mililique, irmão de Cicinho, entre outros, passearam durante quatro anos vencendo a todos, inclusive o Operário, Cruzeiro e 31 de Outubro, estes, da cidade de Morretes. 
     Quando comecei em 1964, 65, Pedrinho já estava há mais de 10 anos defendendo o C.A. Batel, com uma pequena passagem pelo Matarazzo F.C. em 1963, quando desmontou o time do Batel levando mais de meio time, mas que foi surpreendido pelo time jovem do XV de Novembro S.C.que ganhou um bicampeonato em 62-63. Com sua firmeza, excelente colocação, voltou em 64 ao Batel para se sagrar, novamente, campeão e vice em 65, quando foi vencido pelo 29 de Maio. 
        Sempre que o encontro, procuro conversar e fazê-lo contar alguns momentos de sua belíssima carreira, entretanto, Pedrinho sofre de uma deficiência auditiva grave e lamentavelmente, se perde um depoimento de quem viu, lá de trás, a maior parte da história desse grande clube,.defendendo de forma inesquecível  a meta do C.A. Batel. 

    Outro fenomenal goleiro dessa geração, foi MÁRIO SIMÃO, que além de fechar o gol no 29 de Maio e, principalmente do XV de Novembro, que quando precisavam dele se transformava em centroavante, sendo bi-campeão nessa última posição. O XV era tão privilegiado na camisa 1, que dispunha do eficientíssimo Eleonil Cobertor. Tinha, também, o Catita e Zeco, este último, também jogava na meia, se precisasse.
    Mas esse goleiro incrível, que jogou em muitos clubes profissionais no Paraná. Foi goleiro do Atlético Paranaense, Água Verde, Comercial de Cascavel com Marcus Porvinha e no Tuiuticom Paulo Capivara, Paulo Sabico e Zé da Pinta, fez paridas admiráveis como atacante. Lembro-me da semi-final da Taça Paraná de 66, na segunda partida em Curitiba contra o Iguaçu, o 29 de Maio estava com nove jogadores na prorrogação (Osmair e Alcatrão haviam sido expulsos) e eu com 17 anos, sozinho, enfrentando uma defesa duríssima que acabou sendo campeã da competição), e o técnico Belfare tirou Mário Simão do gol e com ele, quase empatamos. Lembro que naquele jogo, perdendo por 1 a 0 e Mário me incentivava, gritava para que eu não me desconcentrasse, afinal, o frio, a violência e estar perdendo a primeira partida com a camisa do 29, me deixava desnorteado. De repente, Mário dividiu uma bola com a zaga e lançou. Eu consegui driblar o goleiro, toquei a bola para o gol e saí para comemorar o empate que nos levaria para os pênaltis. Aconteceu que a bola parou em uma poça de lama e mesmo voltando com muito esforço, não consegui empurrar a bola para dentro do gol, tendo goleiro se recuperado, eepalmando para escanteio, que o árbitro nem permitiu a cobrança, encerrando o jogo. Foi a minha maior tristeza no futebol. Uma semana depois, eu estava contratado pelo Atlético Paranaense, Mário Simão foi para o Água Verde, Alcatrão para o Primavera e Paulo Capivara foi para a seleção Paranaense Sub-20. 
      Com Mário Simão, além do Amigo de sempre, trabalhamos nos Departamentos amadores do Atlético Paranaense (quando foi convocado para a seleção brasileira feminina, como treinador de goleiras e foi na Copa do Mundo, na China). Também trabalhamos no Paraná Clube e Coritiba F.C. Mário, grande companheiro da Juventude e da Vida.        

ELEONIL BASTOS, o Cobertor, que o tenho como o melhor goleiro da história do XV de Novembro S.C. Concentradíssimo nas partidas, era a segurança do time bi-campeão. O técnico Chevalier costumava dizer que no gol ele não tinha problemas (além de Cobertor, tinha Mário Simão, Catita e Zeco) e se dava ao luxo de usá-los no ataque quando precisava, mas afirmava que só jogariam no gol quando Cobertor não estivesse. Ele não caía de produção, a sua regularidade era sempre acima da média e por isso, reinou pelos dois anos do bi-campeonato. Em uma equipe jovem e ajustada, com Argeu, Zezo, Cicico, Alceu e seu irmão Vadinho Urso, Juazir e o irmão Juarez, além de Nega Gibi, Henrique, o craque Jair Henrique, Dirceu e o irmão Alceu Cipó, Mário Simão e Miltinho, entre outros, o XV conquistava uma grande torcida feminina que tinha a rainha a Srtª Kleyse Ferreira, que desfilava as cores alvi-rubras com alegria e simpatia pelos estádios do 29 de Maio e Matarazzo, em 1962 e 63. 

       Eleonil Cobertor começou na A.A. 29 de Maio, onde disputava a posição com o grande Jair Cruz e o próprio Mário Simão. Titular 1960, tendo como comandante o craque Jamil, adquiriu muita experiência que se confirmou no XV e depois, no Grêmio Oeste de Guarapuava, onde foi campeão da Taça Paraná em 1964. Das informações que tenho, radicou-se naquela cidade e muito raramente tinhamos notícias de que tenha vindo à Antonina, talvez nas festas de agosto (foi em uma delas que o vi pela última vez, há uns 20 anos). Eleonil, filho do meu Querido Pedroca, grande árbitro de futebol que conheci apitando jogos em 64, 65. É irmão do meu Querido Amigo Marreco.    



Um comentário:

  1. Uma ruazinha sem saída, chamada "buraco quente" nos deu Cobertor, Duia, Cascalho, Zé da Pinta e o meu grande amigo Maneco diabo.
    Saudade das peladas no campinho do buraco da onça, com essa turma aí de cima e, mais Wagner, Luiz Carlos saci, Aluizio ternura (boca-boca), Gil de Santiro, e compadre Onamar no apito.

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