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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

 

Vadinho, Romário e Lilinho

Clube Atlético Batel 

          Eram atletas, jogadores e pessoas de personalidade ímpar. Não se intimidavam diante de nenhum adversário. Cada um com o seu estilo. Vadinho, mais parecia um professor; a bola saia dos seus pés como quem ensina, sempre bem colocado, era volante, camisa 5, mas com o estilo do Deco do Flu, era sempre assim, não se via a bola sair do chão. Fazia lançamentos de 30 metros com a mesma elegância de Jamil, com simplicidade dos craques consagrados. Lembro de uma jogada contra o Cruzeiro de Morretes (também o Operário, o 31 de Outubro disputavam o campeonato antoninense) em que ele atrás da linha do meio campo, fez que lançaria Osmair (que quando saia em diagonal, era impossível de se alcançar) e a defesa inteira do adversário correu para o lado direito. Vadinho, simplesmente, virou o jogo para Lilinho da meia esquerda e foi um dos gols mais bonitos que eu vi: matada no peito e aquela canhota danada do Mestre Lilo teve endereço certo.
         Menino, ainda, aos 10, 11 anos, comecei a admirar esses comportamentos que faziam deles vencedores. Romário era um guerreiro, punha a perna pra quebrar se fosse necessário e seu time era tudo para ele o tempo todo. Gritava, incentivava, discutia com o juiz, fazia cobertura dos companheiros. Era um camisa 8 que não tinha tempo de jogar bonito; era o cara que não tinha bola perdida. Tenho gravado a palavra do meu Amigo Jamil, dizendo que Romário era a alma do time do Batel. Com ele em campo, o time era quase imbativel. Quando fomos campeões de 1965 pelo 29, Jamil não quis disputar a Taça Paraná e indicou Romário para o seu lugar e seu Onamar concordou. Romário foi brilhante com a camisa do 29. Jamil contou que o 29 disputava o título de 1960 e vencia por 3 x 1  e o grande goleiro Pedrinho foi expulso. Pois bem, Romário foi pro gol e o Batel, com dez jogadores, conseguiu empatar e foi tri-campeão. Romário era assim. Pau pra toda obra; dentro e fora do campo, aliás, o Batel todo era assim, todos se chamavam de compadre. Compadre Xisto! Compadre Anibinha, compadre Pimenta! 

          Um dos times  no campeonato do Interior da PFP de 1962. Vadinho, Baíco, Pedrinho, Nenê, Anibinha e Satuca. Em baixo: Miro Pixote, Jamil, Jair Henrique, Lilinho e Mililique (irmão de Cicinho)
          E seu Lilinho, o craque que o Ferroviário bi-campeão paranaense de 56 e 57, sempre queria? Mas, quem fazia seu Lilo, o compadre Lilo sair daqui?  Jogar no Batel era sonho de consumo de qualquer craque. Muitos dos maiores jogadores da história jogaram lá e vestiram essa camisa famosa. Jamil, Patesco, Miro Pixote, Osmair. Celso Másk Herbert, dos mais contemporâneos, Seu Aroldo, Arnoldo, Luis Jorge Mussi, o grande goleiro Oscar, os craques morreteanos Ari, Aristeu e Tatão, Cicico e Jair Henrique do XV, quando das disputas do Campeonato Paranaense Amador (esse capítulo eu abordarei em outra postagem, pois tive acesso ao jornalista Levi Muldford, da Tribuna e ao livro do C.A. Monte Alegre contando a história final da famosa decisão do interior que o C.A. Batel foi vencedor e perdeu no tapetão o direito de decidir com o Real de Curitiba o titulo paranaense de 1962). Posso adiantar que o primeiro jogo foi aqui dia 14.04.62 e Batel 3 x 0. O jogo em Monte Alegre, dia 30.04.62 e no tempo regulamentar foi 4 x 2 pra eles (os gols do Batel foram de Osmair e Lilinho).  0 x 0 na prorrogação e nos pênaltis, na série de 5, foi 4 x 4. Depois, na de 4, foi 3 x 3 e na de 3, foi 3 x 1 para o Batel e quem bateu todos os pênalti foi Jair Henrique.. O time que jogou essa final foi: Pedrinho João Honório, Anibinha, Nenê e Macico. Vadinho, Miro Pixote, Romário. Jamil (depois Lilinho),   Osmair e Jair Henrique.
           Um causo? Eu só vesti, nessa época, uma vez a camisa do C.A. Batel. Foi em Paranaguá, na preliminar de C.A. Seleto e Londrina em um 21.Agosto.66 (jogo famoso em que um tal de Pinduca, do Londrina, deu uma "tesoura voadora" em Ibanês e caiu com ele no meio das pernas, quase no alambrado do Orlando Matos. Não, não morreu Ibanês e nem o Pinduca foi expulso. Nesse tempo, o juiz só avisava: " mais uma dessas e te ponho no olho da rua, seu moleque!" Pois bem, a preliminar reunia os últimos 8 campeões amadores de Antonina. O Batel  tetra de 58 a 61, enfrentando o XV que foi bi em 62 e 63. O Batel ganhou 64 e o 29 de Maio, o de 65. E lá estava eu jogando no time que vi ganhar tudo com Pedrinho, João Honório, Anibinha, Baíco e João Cascallho. Vadinho e Romário. Osmair, Porvinha, Nininho e Celso Vieira, o meu ídolo Másk. Do outro lado, um XV de Novembro S.C. de grandes vitórias, com Catita, Argeu, Zezo, Cicico e Alceu. Leonel e Nêga Gibi. Juarez, Mário Simão, Dirceu e Alceu Pó. O placar, não foi tão importante; o que posso dizer é que ser convidado para jogar esse jogo, foi uma das maiores realizações da minha vida. A bênção, seu Zizinho!

          
 

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